Durante as minhas pesquisas de fim-de-semana (de cariz profissional pois claro), encontrei algumas ideias, dispersas num conjunto de sites norte-americanos, sobre a ineficácia das campanhas de assessoria de imprensa, desenvolvidas por quem não tem formação na área.
Trata-se de uma listagem muito genérica (numa tradução quase à letra), que descreve “pela rama” algumas das (más) percepções que ainda se tem de alguns aspectos ligados à assessoria de imprensa. Gostaríamos de complementar este post com as vossas ideias!
Numa perspectiva de assessoria mediática, algumas razões que levam os órgãos de comunicação social a ignorá-lo:
1. A sua empresa desenvolve muitos Press Releases mas poucas histórias;
2. Julga “ser próximo” de alguns jornalistas que, pelos vistos, até nem o conhecem bem e muito menos gostam de si;
3. Continua a pensar que quanto maior é o investimento publicitário, maior são as possibilidades de fazer capa em meios de referência;
4. Acredita que só com grandes amizades criadas no mundo dos media é que vai conseguir a notoriedade merecida (e por isso é que a sua concorrência aparece tanto nas notícias);
5. Considera os jornalistas um conjunto de profissionais liberais e tendenciosos que não gostam de Gestores, Directores de Marketing, Product Managers, Directores Gerais e afins;
6. Acredita que uma eficaz estratégia de media passa pela realização de eventos à sexta-feira, ao fim da tarde, já que assim está mais próximo da abertura dos jornais da noite e do fim-de-semana;
7. Acabou de passar 3 horas com um jornalista e, mesmo assim, ele continua a não entender a sua área de actividade e o que realmente faz;
8. Julga que muitas das histórias que chegam às redacções são lançadas por pseudo-profissionais de RP que percebem tanto disto como você e, nesse contexto, não merecem qualquer tipo de consulta;
9. Considera que o MySpace, o YouTube, blogging e o podcasting ainda são para crianças;
21/04/08
Compreender a assessoria de imprensa
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3 comentários:
Se esta enumeração fizesse parte de um exame de uma cadeira de Relações Públicas de um curso superior ou de uma pós graduação em comunicação, em que as respostas seriam verdadeiro ou falso e em ambas as situações deviam ser justificadas, obtínhamos o seguinte:
1. A sua empresa desenvolve muitos Press Releases mas poucas histórias;
Resposta: Verdadeiro – e isto porque a maioria dos accounts quando faz um PR não consegue vestir a pele do futuro leitor e nem percebe que o bom PR deve facilitar a vida ao jornalista e ao mesmo tempo ser atractivo para a sua publicação. Tem de existir notícia e matéria jornalística. Mesmo que a história não exista o account tem de procurá-la.
2. Julga “ser próximo” de alguns jornalistas que, pelos vistos, até nem o conhecem bem e muito menos gostam de si;
Resposta: Verdadeiro – o facto de nos tratarmos de uma forma mais familiar, pelo nome próprio, às vezes por tu, e pelo facto de trocarmos vários e-mails em que nos despedimos com beijinhos e abraços, não significa que sejamos amigos próximos. Devemos antes perceber que existe sim uma relação profissional e que essa mesma relação é facilitada por um contacto mais informal e que só em alguns casos e ao fim de alguns anos é que poderemos dizer que é uma relação próxima, mas profissional, assente numa troca de informações.
3. Continua a pensar que quanto maior é o investimento publicitário, maior são as possibilidades de fazer capa em meios de referência;
Resposta: Verdadeiro – Embora, pareça estranho, a grande parte do jornalismo ainda vive dos investimentos publicitários e dos contratos que são feitos com os anunciantes. Estou certo que estas situações acontecem com mais frequência nos meios especializados e de tiragem mensal.
4. Acredita que só com grandes amizades criadas no mundo dos media é que vai conseguir a notoriedade merecida (e por isso é que a sua concorrência aparece tanto nas notícias);
Resposta: Falso – A resposta a este pensamento está na primeira afirmação. Temos de encontrar matéria jornalística e interessante para os meios com quem estamos a comunicar. Se não o fizermos, por mais que tenhamos contactos, duvido que consigamos alguma coisa.
5. Considera os jornalistas um conjunto de profissionais liberais e tendenciosos que não gostam de Gestores, Directores de Marketing, Product Managers, Directores Gerais e afins;
Resposta: Falso – Quando falamos com um jornalista temos de estar seguros do que estamos a dizer. Temos de perceber também que editar um jornal não é tarefa fácil e pensar também que para além de nós, muitas outras pessoas contactam diariamente com jornalistas. Temos de saber gerir a relação com a imprensa.
6. Acredita que uma eficaz estratégia de media passa pela realização de eventos à sexta-feira, ao fim da tarde, já que assim está mais próximo da abertura dos jornais da noite e do fim-de-semana;
Resposta: Falso – A melhor altura para fazer eventos é de manhã ou próximo da hora de almoço (diários). Porque à tarde o jornalista irá escrever a peça para sair no dia seguinte. Claro está que devemos ter noção dos dias de fecho dos meios semanais. E pensar que nesses dias os jornalistas raramente saem da redacção.
7. Acabou de passar 3 horas com um jornalista e, mesmo assim, ele continua a não entender a sua área de actividade e o que realmente faz;
Resposta: Parcialmente verdadeiro – O emissor não deve saber qual é a sua relevância para um jornalista e em que moldes é que o seu trabalho pode ser uma mais valia para este jornalista. Estamos perante um mero executante das necessidades do cliente.
Ou o receptor (jornalista) acha que não precisa de informações de agências de comunicação e esteve a testá-lo.
8. Julga que muitas das histórias que chegam às redacções são lançadas por pseudo-profissionais de RP que percebem tanto disto como você e, nesse contexto, não merecem qualquer tipo de consulta;
Resposta: Verdadeiro – é que muita da informação que chega a um jornalista vai directa para a “Cesta Secção”. Não tem qualquer interesse jornalístico, já passou ou está mal estruturada, tendo até por vezes erros ortográficos.
9. Considera que o MySpace, o YouTube, blogging e o podcasting ainda são para crianças;
Resposta: Falso – Como todo o cafezinho (que eu espero pagar-vos um dia nem que seja numa estação de serviço) tudo tem um filtro. Apesar de existir muito lixo nestas plataformas, não podemos colocá-las de parte, temos é de fazer uma selecção e perceber de que modo é que o que encontramos está a influenciar os issues que pretendemos transmitir ao(s) nosso(s) target(s). Se assim não fosse qual a razão da existência do blog Diálogos de Comunicação.
Conclusão: Perante a minha análise a estas afirmações, só tenho a dizer uma coisa. Apesar das RP terem nascido nos EUA ainda há um longo caminho a percorrer por parte das agências de comunicação em Portugal. Ou isto começa a ter mais qualidade, em vez de quantiidade ou um dia destes as agências de comunicação viram mercearias, e de bairro. Não conseguiremos passar desse perímetro.
Cara mãe do vinho, muito obrigado por este objectiva e interessante argumentação. E não posso deixar de concordar com a sua última observação (se bem que considero que, nos últimos cinco ou seis anos, grande parte das agências de comunicação evoluiram de uma forma positiva).
Claro que evoluíram, mal se isso não acontecesse, pena que devagarinho e sempre com muito receio, o que por vezes é bom. Mas, com a velocidade do crescimento da informação e o acesso à mesma temos que nos precaver para nos diferenciar da concorrência e antecipar situações menos agradáveis que possam surgir. O que diferencia a nossa classe (agências de comunicação e OCS) é que temos de saber/conhecer as coisas em primeira mão, caso contrário somos apanhados na curva. Algo que ninguém quer, muito menos os nossos clientes.
Em Espanha, primeiro testa-se e depois avalia-se o que aconteceu. Em Portugal anda-se anos e anos a avaliar a viabilidade da eventual colocação em prática de um projecto. Por vezes falta-nos coragem para inovar. Inovamos (crescemos), mas devagarinho.
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